Clélia Serrano
Clélia Nogueira de Carvalho. Nome Artístico Clélia Serrano. Nascida em 11 de fevereiro de 1943 em Fortaleza – Ceará.
Iniciou seus estudos de ballet com 5 anos com a professora e bailarina
do Theatro Municipal, Madeleine Rosay. Aos 6 anos fica como agregada na Escola
de Dança do Theatro Municipal, por não ter ainda idade. Teve sua formação
profissional na Escola de Danças do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (atual
Maria Olenewa) e com a eterna mestra ( como ela chama ) Madeleine Rosay. Na
Escola de Dança foi aluna de Luiza Carbonell , Yara Marilia, Gertrudes
Wolff, Edith Vasconcelos, Renné Wells. Cursos no Brasil com varios
professores nacionais e estrangeiros - Tatiana Leskova. Eugênia Feodorova, Nina
Verchinina, Mercedes Batista, Angelita Granado, Maria Makarova, Vaslav
Veltchek, Desmond Doyle, Pierre Klimov, Eduard Keaton, Serge Golovine, Yurek
Shabelewisky, Dennis Gray, Gilberto Mota, Lenny Dalle, entre outros.
Entrou para o Corpo de Baile em 1958.Acho que minha mãe acertou quando
disse que eu seria bailarina. Realmente, amei de corpo e alma.
Rotina diária no Corpo de Baile
A aula iniciava as 09h todos os dias. Numa época tínhamos espetáculos
aos domingos pela manhã as 10h. trabalhávamos também aos sábados. Sempre
trabalhamos no próprio Theatro. A aula iniciava as 09h todos os dias. Era uma
sala enorme. Tínhamos um intervalo de 15 minutos. Íamos ao bar do Theatro e
tomávamos um cafezinho. Voltávamos para os ensaios. Terminava às 15h. As 16h eu
e alguns colegas do ballet do coro e da orquestra almoçávamos no bar do
Theatro. Saíamos lá pelas 17h.
A nossa sala de aula era no segundo andar, tinha a sala de espera na
frente a esquerda do lado direito era a sala da direção (famoso Butantan). Ao
lado da sala de aula tinha os camarins. E nos fundos o banheiro. Cada um tinha
seu armário. Tínhamos que experimentar roupa no guarda roupa com a costureira
Mariazinha , ir no S. Coelho que nos entregava as sapatilhas, fazia nossas botas,
perucas, etc. e ensaios no palco com orquestra.
Período você considera o
melhor? E o pior? Por quê?
Nunca achei nada melhor ou pior. Eu amava estar dançando... fazendo aula
.... treinando sozinha para melhorar sempre e estar no palco para participar do
que fosse preciso. Eu era sempre a última a sair do Theatro. D. Rosa (a senhora
que trabalhava no ponto), Sempre me chamava; Clélia, tenho que fechar a sala!
Curiosidades
significativas da rotina diária de trabalho
Sim, lembro muito bem que um dia, como eu trabalhava em TV, e Show, eu
tinha muito sono, nessa época já tinha filhos pequenos, então dormia muito
pouco. E um dia o professor William Dóllar, não sei porque, estava tão longe de
mim..., me viu bocejar e me colocou para fora da aula. Achei muito triste, mas
por outro lado achei que ele tinha toda a razão, era falta de respeito bocejar
na aula, e ele não tinha nada a ver com o meu cansaço. Uma outra vez, como
sempre fui muito calma, o professor Harold Lander, quando eu subia as escadas
para o ensaio, ele vinha atrás de mim e de repente me deu um susto. Eu pulei e
dei um grito. Ele virou-se para mim e disse: Isso! é assim que eu quero ver.
Ação! E o mais engraçado para mim, foi quando William Dóllar chegou para mim e
disse na língua enrolada: você está comendo muito arroz..., (estava grávida de
6 meses do meu segundo filho e ninguém sabia) tinha que fazer a prova para
efetivação. Se dissesse não me deixariam fazer. Nem minha mãe sabia. Passei! Só
falei depois que saiu no diário oficial. Dancei o Can Can gravida de 6 meses.
Quantas estrelas todos os dias nos ensaios....
Balés que dançou e data
da apresentação.
Para falar a verdade, não me lembro exatamente as datas das
apresentações, só sei dizer que dançava todos os anos. Além de participar de todas
as óperas mesmo enquanto aluna da escola, mesmo que eu não dançasse os ballets
eu aprendia todas as coreografias do corpo de baile das solistas e da primeira
bailarina. Mas em 1959 fiquei maluca por ter participado do corpo de baile do
ballet “O Lago dos Cisnes” em 4 atos com coreografia da maître Eugenia
Feodorova. Foi uma emoção muito grande. Noites de Valpurgis, que alegria! eu
não fazia absolutamente nada, ficava sentada o ballet inteiro numa escada do
cenário imóvel. Aliás este ballet foi para mim um grande aprendizado. Aprendi o
que era ser artista. Sempre fui muito tímida e o David Dupré, sabendo disso,
vinha sempre para cima de mim e me beijava no pescoço, passava a mão pelo meu
corpo... enfim, aprendi que estamos num theatro e que aquilo fazia parte do
ballet. Ser o personagem. É bem verdade que uns tempos depois cheguei a fazer
solo no mesmo ballet. Gaité Parisienne, Aprendiz de Feiticeiro, L’Après Midi d’
un Faune, Floresta Amazônica, Les Indes Galant, Scheherazade, Les Sylfides,
Coppélia, Gisele...
Bailarinos da sua época
- solistas e os primeiros bailarinos
David Dupre, Aldo Lotufo, Dennis Gray, Johnny
Franklin, Arthur Ferreira, Renato Magalhães, Armando Nesi, Eric Vane, Emílio Martins,
João Jorge, Alberto Ribeiro, Sebastião Araújo, Ceme Jambay, José Moura, Aldemir
Dutra, José Rezende, Geraldo Cavalcante, Antonio Barros, Hebert Gomes, Ricardo
Abelalan, Carlos Moraes, Ivan Benitez, Lauro Silva, Marcelo Coelho, Lourival
Ferreira, Solon Almeida, Carlos Kloste, Expedito Saraiva, Raul Soares, Sandra Dieken, Yvone Meyer, Josemary Brantes, Tamara Capeller, Beatriz Consuelo, Addy Ador, Maria Angélica
Alice Colino, Bertha Rosanova,
Christina Martinelli, Ruth Lima,
Nora Esteves, Cecília Wainstok, Eleonora Oliosi, Irene Orazem, Helena Lobato, Marlene
Barroso, Wanda Garcia,
Alda Marques, Eloisa Menezes, Thais Bellini, Dicléa Ferreira, Helga Loreida,
Inez Litowinsky, Regina Bertelli, Francisca Borghoff, Helena Brandão, Vera
Aragão, Vilma Rocha, Magali Loppi, Inês Schlobac, Lya Cabral, Sonia Villela,
Thereza D’Aquino, Lourdja Mesquita, Gilda Muller, Zeuslene Navaz, Heliana
Pantoja, Yara Von Lindenau, Shirley Menezes, Zélia Íris, Lea Velloso, Slava
Goulenco, Maisa Montesi, , Oneide Craveiro, Irina Tschestnakova, Marly
Rio Doce, Rojan Cavina, , Estella Reigas, Júlia Rodrigues, Luciana
Bogdanich, Jacy França, Eliana Caminada, Heliana Pantoja, Rita Castro,
Maria José Sarayba, Beatriz Melucci, Elizabeht Oliosi, Amélia Moreira, Lilia
Renee, Ezi Garro, Zeni Lacerda, Marlene Barroso, Helba Nogueira, Ebba
Will, Alda Aciolli, Enamar Ramos, Therezinha Goulart, Eunice Koury, Nair
Moussaché, Silvia Barroso, Maria Edwiges, Marcia Laviola, Wilma Menezes, Suely
Trajano, Sonia Barroso, Gloria Coelho, Lourdes Braga, Riva Schipper,
Diretores do Corpo de Baile
Tatiana Leskova, Eugenia Feodorova, Helba Nogueira.
Maitres de balé
Tatiana Leskova. Eugênia Feodorova, Eric Vane
Pianistas
Geraldo Rocha Barbosa, Jorge Vinicius Salles, Otto Jordan
Coreógrafos (nacionais e
internacionais)
Tatiana Leskowa, Eugênia Feodorova, Dennis Gray, Marila Gremo, Helba
Nogueira, Harold Lander, William Dóllar, Maria Olenewa, Hector Zaraspe
Balés montados, mesmo
que não tenha dançado
O Lago dos Cisnes, Noites de Valpurgis, Gaité Parisienne, Aprendiz
de Feiticeiro, L’Après Midi d’ un Faune, Floresta Amazônica, Les Indes Galant ,
Scheherazade, Tragédia Dançante, Rondó Caprichoso, Gisele, Les Sylfides,
Combate...
Leciona ou lecionou bale?
Já Lecionei, e ainda leciono. 1956 na Academia Madeleine Rosay, em 1973
na academia Danças Clássicas Clélia Serrano, em 1999 na Escola Estadual de
Dança Maria Olenewa,
Porque começou a
lecionar?
Convite (Academia Madeleine Rosay) e necessidade financeira. Em 1970,
meu marido foi chamado para dirigir o laboratório da Santa Casa de Campos dos
Goytacazes, a princípio, fiquei ainda 2 anos no Theatro e depois pedi
transferência, para o colégio Liceu de Humanidades de Campos (do Estado).
Formei um grupo de dança. E então, abri uma academia, que hoje leva o nome “Centro
de Artes Madeleine Rosay”
Atuação como coreografa
De 1956 a 1958, na Academia Madeleine Rosay. Todos os ballets dos
espetáculos da então academia Danças Clássicas Clélia Serrano e do grupo do
colégio onde trabalhava. E em 1999 para os espetáculos de fim de ano da Escola
Estadual de Dança Maria Olenewa.
Por que começou a
coreografar?
A pedido da professora Madeleine Rosay e por necessidade financeira.
Depois para os espetáculos de fim de ano da academia e pequenas apresentações.
Depois para concursos de dança e de coreógrafos, que resultou num 3º lugar na
“Mostra para Novos Coreógrafos” da Secretaria de Educação do Município do
Estado do Rio de Janeiro. E vários prêmios em concursos.
Remontagens de ballets
Les Shylfides, 1958, para a Escola do Theatro Municipal do Rio de
Janeiro, hoje, Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, para a Escola do Theatro
Municipal a pedido de Madeleine Rosay ,que na época era a diretora da escola.
Ela sabia que eu sabia todo o ballet de trás para frente e todos os lugares.
Outras atividades no
Teatro Municipal
Em 1966 ano por 2 meses, e em 1998 durante 1 ano.
Em 1966, já nos últimos meses de gravidez, fui
trabalhar no almoxarifado e quando voltei para o Rio, antes de ir para a Escola
Estadual de Dança Maria Olenewa, trabalhei na Secretaria de Cultura durante 1
ano, aguardando meus papéis para retornar ao Theatro Municipal. Fui para a
Escola Estadual de Dança Maria Olenewa.
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