Jane Blauth

Jane Blauth

in memoriam - Dados extraídos do livro: FREIRE, Ana Luiza Gonçalves. Jane Blauth. Porto Alegre, Editora Movimento, 2004

Nasceu em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, em 23 de novembro de 1937. Estudou piano e ballet. Iniciou seus estudos de ballet na Escola de Bailados Clássicos Tony Seitz Petzhold, em 1950, onde dançou Pedro e o Lobo de Serge Prokofiev (com as crianças) e La Mer, de Claude Debussy (com os adultos), no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Aos 13 anos participou de seu primeiro grupo profissional: Conjunto  Coreográfico Porto-Alegrense, no Theatro  São Pedro.  Continuou seus estudos na escola de Tony.  Tony  convidava as melhores alunas  chamadas alunas-mestras, par ministrar aulas às crianças e adolescentes da sua escola. Jane tornou-se uma delas.

Conheceu a bailarina Marina Fedossejava, bailarina russa que residia em Porto Alegre, após ter permanecido curta temporada na Argentina.  Jane já havia tomado conhecimento dessa professora , mas , para não magoar Tony, decidiu inscrever-se  na turma de ballet  de Marina durante suas férias.  Frequentou as aulas diariamente revelando uma verdadeira paixão pela técnica russa.

Tony estava sempre convidando professores, tanto nacionais quanto  internacionais, para ministrar aulas em sua Escola. Um desses convites proporcionou o encontro de Jane  com Tatiana Leskova, primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Outra professora convidada foi Consuelo Rios.  Tatiana e Consuelo serviram de estímulo para que Jane se encantasse definitivamente com a possibilidade de se aventurar no Rio de Janeiro.

Influenciada por Tatiana, Jane e a colega Vera Maria Brenner, com suas respectivas mães, foram ao Rio de Janeiro ter aulas com Tatiana Leskova. Ficam lá por duas semanas. Tinha 22 anos.  A mãe voltou e Jane ficou.

Viveu em uma pensão durante quatro meses. Estava feliz por estar no Rio ,sobretudo por dançar na companhia oficial, o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, pela Escola de Danças Clássicas.  Recebia  honorários como estagiária. 

Logo que chegou ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, conheceu Jorge Siqueira, então bailarino do Corpo de Baile. Alguns anos depois, da amizade nasceu o amor, um casamento que iria permear por dez anos os palcos da vida.

É certo que a base de sua técnica estava bem fundamentada com os ensinamentos de Tony e com o toque fundamental de Marina, mas se solidificaria, verdadeiramente, em 1959, quando obteve o primeiro lugar no concurso para o último ano da Escola de Bailados do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo integrava o Corpo de Baile.

Aos 22 anos dançou, pela primeira vez, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em uma Temporada Nacional de Óperas, Bailados e Concertos, com participação da Orquestra do Theatro. As apresentações da escola ocorreram de 11 a 13 de dezembro de 1959. Na primeira parte do programa Jane Blauth, estudante do 7º ano, dançou O Pássaro Azul , música de Piotr Tchaikovski. O programa incluía ainda O Quebra Nozes, música de Piotr Tchaikovski e O Guarani, música de Carlos Gomes, sendo dançado pelos alunos do 1º ao 7º ano.

Como  integrante do Corpo de Baile do Theatro Municipal, dançou a primeira montagem de O Lago dos Cisnes, no dia 21 de novembro de 1959, no Estádio do Maracanãzinho;  coregografia  de Eugênia Feodorova e música de Piotr Tchaikovski.

Em 21 de abril de 1960, alguns bailarinos da Companhia do Theatro Municipal dançaram um ballet épico na inauguração de Brasília- DF; coreografia de Edmundo Carijó e David Dupré.

Em 1960, estava formada, permanecia como estagiária no Corpo de Baile do Theatro Municipal.  Dançou O lago dos Cisnes, de Eugênia Feodorova, Études e Les Indes Galantes – como solista. Esses dois últimos ballets tinham orientação de Harald Lander, coreografo dinamarquês .

A Temporada Brasileira de Bailados acompanhada, pela Orquestra do Theatro  Municipal do Rio de Janeiro, começou no dia 2 de setembro de 1960.

Os bailados forma montados sob a orientação de Harald Lander. Nessa época  aconteciam os Concertos para a Juventude, ao domingos, às  10 da manhã, sempre superlotados e com orquestra; constavam : Suíte Masquerade, Le Beau Danube, Les Présages e Gaieté Parisienne, de Leonid Massine, O Lago dos Cisnes completo, etc.

Tatiana Leskova era a primeira bailarina, e Aldo Lotufo compunha o elenco.  No programa estava a coreografia As Flores , Yara e Études. Yara – ballet em 3 partes, criação e argumento de Harald Lander, Études – ballet de Harald Lander, com música de Knudaage Rashager, em adaptação livre de Czerny, cenários e trajes de João Maria dos Santos e Odette. Dançam Artur Ferreira e Tatiana Leskova, recém chegada da Europa, Aldo Lotufo, David Dupré, Dennis Gray.

Nos dias 11 e 12 de junho de 1960 aconteceram apresentações do Corpo de Baile do Theatro Municipal, sob a direção da maître de ballet e coreógrafa  Eugênia Feodorova. O maestro acompanhador foi o pianista Geraldo Rocha Barbosa. Bertha Rosanova era a primeira bailarina, Aldo Lotufo, o primeiro bailarino, Eleonora Oliosi, a primeira bailarina, Armando Nesi e Antônio Carlos Cardoso, primeiro solista e Jane Blauth solista.

Jane dançou Grandes Cisnes, de O Lago do Cisnes, 2º ato, com coreografia de Eugênia Feodorova e Lev Ivanov, música Piotr Tchaikovski. Dançou também Gopak, coreografia de Eugênia Feodorova, música de Modest P. Moussorgsky e Noite de Valpurgis, da Ópera Fausto, música de Charles Gounod, coreografia de Eugênia Feodorova, também solista.  No dia 2 de setembro  de 1960, Jane é chamada para integrar o Corpo de Baile do Theatro Municipal, dançando O Lago dos Cisnes.

Em Janeiro de 1961, partiu para Los Angeles. Jane entra na Companhia que iria se chamar American Concert Ballet.

No  1963 depois de Los Angeles e depois de ter morado em Nova Iorque, Jane retorna ao Brasil após réveillon desse mesmo ano e recebe uma carta sobre a audição para o Théatre d’Art Du Ballet. Então em  setembro de  desse mesmo ano parte para Europa.  É aprovada como solista e a partir daí fica ensaiando com a Companhia. Conheceu muitos Países dançando com a companhia.  Jane vinha observando o repertório da Ópera de Zurique – Suiça enviou fotos para o diretor e coreógrafo Nicolas Beriozoff. Quando Nicolas esteve em Paris, foi audicionada em uma aula. Jane pediu licença do o Théatre d’Art Du Ballet  por um ano e foi para lá.  Foram muitas apresentações entre 1966 e 1967.

Em 1972 Jane se desliga totalmente da Théatre d’Art Du Ballet e retorna ao Brasil. A Academia  de Ballet Tatiana Leskova  foi seu primeiro trabalho desde o regresso definitivo ao Brasil. A última atuação  de Jane foi como integrante do Ballet Stagium. Nesse mesmo ano conhece o Professor Jorge Garcia que estava como diretor do Theatro Municipal naquela época e a convida para ser sua assitente, juntamente com Carlos Moraes.  Aceita e permanece trabalhando na academia de Tatiana Leskova e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro simultaneamente durante todo  aquele ano.

Em 1974 recebe o convite de um colega , Dennis Gray, primeiro bailarino e coreografo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para ser sua assistente na Academia de Dança Clássica do SESI em Fortaleza onde ficou trabalhando até 1976 quando retorna ao Rio de Janeiro para assumir o posto de assistente de Tatiana Leskova no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

O Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1977, passou por reformas radicais, inclusive na estrutura do teatro. O governo do Estado do Rio de Janeiro, através da FUNTERJ, assumiu a restauração do teatro. Houve demolição do prédio antigo para a construção de um novo. Enquanto isso, o Corpo de Baile continuou trabalhando em dois salões do Clube Copaleme. Na volta os bailarinos trabalhariam como artistas contratados, iferindo da antiga situação de funcionários públicos. Os salários dos estagiários passariam de Cr$ 2mil para Cr$ 5mil;  os profissionais para Cr$ 7mil e Cr$10mil para os primeiros bailarinos.

Foi nessa situação que Geraldo Mateus, diretor-executivo da FUNTERJ, convidou o cubano Jorge Garcia para dirigir o Corpo de Baile e Jane Blauth para ser sua assitente juntamente com Carlos Moraes, Irene Orazen e Emílio Martins, bailarinos do antigo Corpo de Baile.  Jorge montou três programas completos para a primeira temporada oficial do teatro. Os primeiros programas incluíram Paquita, música de Ludwig MInkus; Missa – Duo, músicas de Edu Lobo e Benedetto Marcello; Maracatu, do folclore brasileiro; Grand Pas de quatre, música de Pugni; O combate e Variações Sinfônicas, música de César Franck; Magnificat, música de Joham Sebastian Bach; Grand  Pas de quatre Cantabile e Rythmetron, música de Marlos Nobre.

Em 1978, recebe o convite de Décio Otero e Márika Gidali para ministrar aulas no Bllet Stagium.  Em 1979 assume as aulas do Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo.

Em 1981 retoma o trabalho no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, agora sob direção de Dalal Achcar e assitência de Jorge Siqueira. Foi convidada para ser assitente de Dalal e, entre os professores, estavam os colegas Alain Leroy, Desmond Doyle, Hugo Travers e Miriam Guimarães. Permanece com a equipe até o ano de 1987.